quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

           PERDI UM CÃO COM ESTA DOENÇA! ELE NÃO ERA IDOSO.



COLECISTECTOMIA EM CÃO COM MUCOCELE DA VESÍCULA BILIAR – RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A mucocele da vesícula biliar foi considerada por anos um achado incidental em necrópsias de cães idosos. Recentemente, verificou-se que esta condição pode estar associada a obstrução extra-hepática do ducto biliar, colecistite e ruptura da vesícula biliar; também foi sugerida a correlação com excesso de glicocorticóides. A patogênese e a causa das mucoceles permanecem incertas, mas acredita-se que resultem de anormalidade das células da mucosa da vesícula biliar (hiperplasia das células secretoras de muco). O quadro é mais frequente em cães idosos (média de 9 anos), sendo mais comum em raças pequenas a médias; não há predisposição sexual. Os sintomas podem ser inespecíficos (emese, anorexia e letargia) e com duração normalmente inferior a 1 semana. Cerca de 23% dos animais podem ser assintomáticos. Uma minoria pode se apresentar em choque, se houver ruptura do órgão e peritonite. O tratamento de escolha é cirúrgico e consiste na colecistectomia, embora alguns autores preconizem o tratamento médico em pacientes assintomáticos e/ou com alto risco anestésico; em pacientes estáveis, sem evidências de ruptura da vesícula biliar, a intervenção de ocorrer em 24 horas.



RELATO DE CASO
Foi atendido um cão da raça Weimaraner, fêmea, de 10 anos de idade, com cansaço fácil. Ao exame físico, apresentava hepatomegalia e distensão abdominal.
ACHADOS LABORATORIAIS
VALORES
BIOQUÍMICO
Alanina Aminotransferase (ALT)
142,3 U/L
Fofatase Alcalina (FA)
1880,0 U/L
Gama Glutamil Transferase (GGT)
22,7 U/L
Ao exame ultra-sonográfico, foi evidenciado quadro de mucocele da vesícula biliar. O animal foi encaminhado para laparotomia exploratória. Como o ducto biliar comum estava íntegro e patente, foi realizada a colecistectomia. O animal foi medicado com cefalotina, metronidazol e analgésicos. Análise histológica confirmou quadro de hiperplasia cística mucinosa; a cultura bacteriológica da bile foi negativa. Um mês depois, foi diagnosticado hiperadrenocorticismo (cortisol pós-estimulação com ACTH = 412,2ng/ml). Após 6 meses o paciente permanece estável.
1 Figura– Aspecto ultra-sonográfico de mucocele da vesícula biliar. Área hiperecogênica central, com ramificações junto à parede.
Figura 2 e 3– Aspecto do conteúdo da vesícula biliar – substância gelatinosa, composta por bile e muco.
CONCLUSÃO
O prognóstico em pacientes com mucocele da vesícula biliar varia de acordo com a apresentação clínica. Em pacientes submetidos a cirurgia, foi relatada mortalidade peri-operatória entre 22 e 40%. No entanto, o prognóstico a longo prazo para pacientes que sobrevivem ao período pós-operatório imediato é excelente. Estudos prospectivos são necessários para determinar se o tratamento conservativo pode ter um papel em pacientes assintomáticos.
BIBLIOGRAFIA
Besso JG et al: Ultrasonographic appearance and clinical findings in 14 dogs with gallbladder mucocele. Vet Radiol Ultrasound 41 (3): 261-271, 2000.
Cornejo, L, Webster, CRL: Canine gallbladder mucoceles. Comp Contin Educ 27 (12): 912-928, 2005.
Pike FS et al: Gallbladder mucocele in dogs: 30 cases (2000-2002). JAVMA 224 (10): 1615-1622, 2004.
http://www.petcare.com.br/casos-clinicos4.php  

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